Alguns dos primeiros espécimes vistos na Europa, presenteados pelos papuas a monarcas do Velho Mundo, chegaram à Espanha em 1522 a bordo de um dos navios de Fernão de Magalhães. Corria um boato de que as extraordinárias aves provinham de reinos celestes, onde voavam sem asas e nunca tocavam o solo. (Talvez tal lenda tenha surgido do fato de as asas e os pés serem extirpados das peles comercializadas.) A visão dessas aves na natureza impressionou os viajantes de outrora: "A espingarda permaneceu-me ociosa nas mãos, pasmo demais que eu estava para atirar", confessou o naturalista René Lesson, que visitou a Nova Guiné em 1824. "Era como um meteoro cortando os ares com o corpo e deixando longo rastro de luz." Os nomes indicam o fascínio que a ave inspirou: ave soberba, ave magnífica, ave esplêndida, imperador das aves.
Por décadas o apetite da Europa pela plumagem da ave-do-paraíso impulsionou a caça e um vigoroso comércio. No auge do negócio, em princípios dos anos 1900, cerca de 80 mil couros com plumagem eram exportados por ano da
Nova Guiné para os chapéus das damas. Grupos de proteção às aves na Inglaterra e nos Estados Unidos deram o alarme, e a matança foi arrefecendo conforme crescia a ética conservacionista. Em 1908 a Grã-Bretanha proibiu a caça comercial nas partes da Nova Guiné sob seu domínio, e a Holanda seguiu o exemplo em 1931. Hoje nenhuma ave-do-paraíso deixa a ilha, a não ser para fins científicos.
Muito antes de cativarem os forasteiros, essas aves já tinham a veneração dos povos nativos da Nova Guiné. As plumas mais belas eram dadas como pagamento à família da noiva, e a ave figura na mitologia local como ancestral e totem dos clãs. Essa reverência perdura. "Amamos essas aves", diz um nativo de uma tribo das planícies. "As pessoas da minha família são aves-do-paraíso."
Por: Jennifer S. Holland Fotos: Tim LamanMatéria publicada na revista National Geographic Ed. 88 - 01/07/2007Muito antes de cativarem os forasteiros, essas aves já tinham a veneração dos povos nativos da Nova Guiné. As plumas mais belas eram dadas como pagamento à família da noiva, e a ave figura na mitologia local como ancestral e totem dos clãs. Essa reverência perdura. "Amamos essas aves", diz um nativo de uma tribo das planícies. "As pessoas da minha família são aves-do-paraíso."
Fonte de pesquisa: http://nationalgeographic.abril.com.br/ng/edicoes/88/reportagens/mt_239984.shtml#
Bárbara Prado - Porto Alegre/RS
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