segunda-feira, 12 de novembro de 2007

De um venezuelano aos editores da Veja sobre ''essa ditadura''

O venezuelano radicado no Brasil Yojin Ramones escreveu esta contestação à matéria de capa da revista Veja neste fim de semana – Chávez, a sombra do ditador. Talvez por prudência, remeteu também uma cópia ao Vermelho. Como duvidamos que a Veja a publique, reproduzimos na íntegra a mensagem, que tem a força das coisas ditas por uma pessoa que simplesmente tem apreço à verdade.

''Prezados editores da Veja, meu nome é Yojin Ramones, venezuelano vivendo no Brasil e fincando raízes neste país, já com uma filha brasileira. Escrevo estas linhas em espanhol, porque imagino que o conhecimento deste idioma é total da parte dos senhores, pela análise que fazem de meu país, a Venezuela.

A capa da última edição da revista, como outras anteriores, demonstra um desconhecimento real da situação na Venezuela. Porém o mais grave é que isso é feito de maneira intencional, manipulando totalmente a verdade para apresentar uma matriz de opinião de ditadura.

Pois bem, vou dar as características da ditadura de que os senhores falam.

Na Venezuela se recuperou a economia de uma forma acelerada, melhorando o poder aquisitivo de todos – escutem, de todos – os venezuelanos, ricos e pobres (antes eram apenas os ricos). O país tem anualmente o crescimento do PIB (Produto Interno bruto) mais elevado da América Latina.

Nessa ditadura se convoca referendos sobre os temas mais importantes do país, para que o povo opine e escolha o que quiser.

Nessa ditadura consertou-se os abusos dos bancos na exploração de seus clientes. Por exemplo, a taxa de juro anual de um cartão de crédito é de 28%. Aqui no Brasil é de 120%.

Nessa ditadura há escassez de veículos porque todos compram carros.

Essa ditadura se dá ao luxo de sofrer um golpe de Estado, e ver todos os meios de comunicação entrarem em cadeia para falar mal, humilhar e até falar xenofobicamente das pessoas, sem que exista uma só pessoa presa por isso.

Em matéria de obras, como metrôs, pontes, teleférico, aeroportos, etc., não há país da América latina que tenha tantas em apenas oito anos.

Nessa ditadura a gasolina custa 5 centavos de real o litro, o que os neoliberais chamam de populismo.

Nessa ditadura os serviços de saúde devolveram a vista a milhares de pessoas carentes de recursos, não só venezuelanos mas latino-americanos, e pela primeira vez muitos bairros pobres têm um médico para dar atenção às pessoas.

Nessa ditadura o poder é cada dia mais transferido para o povo, essas pessoas de poucos recursos, que antes só eram recordadas nas eleições, sendo tratadas como pseudo-escravos.

Essa ditadura busca na integração do Sul a prioridade do crescimento de nossas raízes e forças latino-americanas.

Por estas e muitas outras razões, essa ditadura, como os senhores a chamam, para nós é cristianismo, igualdade, esperanças. Sei que no Brasil as pessoas são muito boas, têm os mesmos desejos de progresso. Mas com a publicação dos senhores, a televisão Globo, seus canais de TV a cabo ou por satélite as pessoas não vão poder formar uma opinião, porque estão cercadas midiaticamente, hipnotizadas por programas como o BBB Brasil, para que nunca descubram a realidade em volta delas.

No entanto, hoje em dia as cercas vêm abaixo, as pessoas opinam, tomam atitude, quer dizer, evoluem para a busca da verdade. O tempo dará razão a quem a tiver. Sem mais para agregar e agradecendo o tempo dos senhores na leitura destas linhas,
Yojin Ramones''.

domingo, 4 de novembro de 2007

Analfabeto Político

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.


(Bertolt Brecht)